Hoje, 20 de fevereiro de 2011, domingo, acordei cedo, fiz a feira com minha esposa, fato não muito comum nos meus fins de semana, e retornei ao aconchego do meu lar.
Já em casa, com portão sempre no cadeado, herança dos tempos em que labutei no Legislativo local, quando escutei alguém chamando no portão. Era meu pai na sua eterna preocupação com o filho que nem parece que cresceu, casou e já tem um filho de onze (11) anos. Ele veio me convidar para ir à missa.
Eu, embebido em teimosia e preconceitos religiosos, exitei inicialmente em aceitar o convite. No entanto uma palavra mudou tudo naquela conversa tranqüila ao pé do portão. Meu querido pai lembrou-me que se tratava da missa em memória do Senhor Elói José de Vasconcelos, meu amigo e entusiasta quando dos meus discursos inebriados de emoção, inexperiência e de muita responsabilidade ante os eventos catastróficos patrocinados pela a administração municipal de então. Na época estava vereador.
Consciente do meu dever de irmandade cristã, amizade, carinho e admiração por aquele que foi o primeiro prefeito da terra do “mel de que os pássaros gostam” (Groaíras), ousei romper meus preconceitos e fui à igreja. No ato, sentei perto dos meus pais e senti uma sensação especial. A alegria de minha mãe era bem diferente de outras oportunidades. Seus olhos brilhavam em mensagem vivaz, muda, mas de expressão muito forte dizendo em pensamentos: “o bom filho a casa torna”.
No início da cerimônia meus ouvidos ainda “não ouviam” e, considerando o estado momentâneo de minha pessoa, o ato parecia mais um compromisso político. Todavia não demorei a perceber a imensidão daquele momento. Comecei a pensar no amigo que se foi. Sua voz ainda muito presente parecia em tom de alegria a entoar conselhos que não me foram dados pois, quando conversávamos, a paixão pela história local e o deslumbre diante do amigo tornaram-me inconscientes da importância que poderiam ter os conselhos daquele senhor.
O tempo passou, a semente foi plantada e os frutos estão brotando. Groaíras já não é s “cidadela” da década de cinqüenta (50). Os mais diversos documentos de vivência coletiva estão aí para serem lidos na tentativa de compreensão de nossa história. E, não posso deixar de registrar, meu amigo, o nosso saudoso Senhor Elói, o Elói, o Elói José Vasconcelos, foi sim um dos entusiastas e responsáveis pela transformação cuja dinâmica coletiva nos leva a pensarmos sempre na cidade na qual os ideais democráticos pululam ardentes nos corações de uma cidadania viva e recém libertada de um cativeiro covarde de repressão e mando.
Neste dia especial, despido do espírito do historiador curioso e apaixonado pela Groaíras, registro minha felicidade. Foi muito bom vivenciar a alegria de meus pais com a presença do filho na igreja e a lembrança do amigo que hoje repousa na eternidade, presente em memórias, corações e materializado na urbe apaixonante da divina Groaíras.
Como disse minha mãe em seu olhar gritante de felicdade: "o bom filho, a casa torna".
AUGUSTO MARTINS MELO