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terça-feira, 30 de abril de 2013

O DIA DE PE. MORORÓ EM GROAÍRAS


O Pe. Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Melo, o Pe. Mororó, nasceu em 24 de julho de 1778, em Sobral, onde moravam seus pais, o alferes Félix José de Souza, "natural do Rio Grande, e Dona Theodózia Maria de Jesus, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Cnoceição de sobral". (MONTENEGRO, 2004, p. 7). A obra de João Brígido (1969, p. 367-368, apud MONTENEGRO, 2004,P.7) traz que o ilustre sacerdote: "Pertencia, pois, a uma das famílias de distinção daqueles tempos. Seu bisavô tinha sido um patriarca naqueles sertões então quase desertos. Lourenço Guimarães foi seu trisavô. Pelo lado de seu pai, entroncava na família Almeida Prado, da qual brotou o imortal Padre Miguel Joaquim de Almeida e Castro, juridicamente assassinado na Bahia pelo Conde D´Arcos, e além de outros barões dos tempos modernos, o Senador Tomás Pompeu, nome perpetuado na história do Ceará." (grifo nosso) A referência a obra de Montenegro quanto a decendência de Mororó é um artifício para demonstrar a importância do personagem para a história do Ceará, merecendo atenção de grandes escritores e estudiosos da história de nosso Estado. Infelizmente o mesmo interesse não existe em Groaíras. O desinteresse é geral e me incluo entre os culpados pelo mesmo. Minha preocupação surgiu quando da gravação do Programa Riquezas do Ceará, da TV CIDADE. Na ocasião fui escalado para falar sobre a história da cidade e Mororó foi alvo de nossas conversas (eu e a reporter). Daquel dia em diante eu passei a refletir sobre o personagem e sua história em Groaíras. Mesmo ele não tendo autuação política ou religiosa aqui, foi no Riacho do Guimarães (Groaíras), nome em referência ao seu trisavô, Lourenço Guimarães de Azevedo, um dos primeiros habitantes dessas paradas, o seu local de nascimento e onde passou os primeiros anos de sua vida. Desenvolveu seus estudos na Caiçara (Sobral), especialmente na cadeira de latim e, posteriormente, foi um dos alunos fundadores do Seminário de Olinda. Minha reflexão passou a incomodar-me, pois não podemos relegar o berço e a importância desse personagem na formação da identidade do groairense, afinal de contas, é impossível nascer nessa cidade sem ao menos ter ouvido falar de Mororó, seja o nome que batiza a rua ou seja o feriado do dia 30 de abril, quando todas as repartições públicas estão fechadas. Monsenhor Cleano, professor-cidadão, filho de Ipueiras e um dos pais de Groaíras, pois atuou ativamente no processo de emancipação e instalação do Município de Groaíras em 1957, foi um grande incentivador do resgate e respeito da memória de Mororó, inclusive na denominação do Colégio da CENEC. Quem não lembra do Colégio Pe. Mororó que funcionou por diversos anos até a década de 90 no salão Paroquial? Pois é, aquele foi um espaço por excelência de formação do cidadão groairense na forma forma de vestir, comportar-se, comunicar-se, etc. O "cidadão groairense" foi "moldado" embebido nas idéias incutidas naquele colégio sob a direção do saudoso Monsenhor Cleano Tavares Moereira. Mororó fazia parte do "cardápio". O resgate de sua história foi tão importante que até hoje ele, mesmo em silêncio e em nosso silêncio e processo acelerado de desmemorização, continua encravado documentando a cidade, seja na data ofical municipal, seja no nome dos logradouros, etc. Lamentavelmente estamos curtindo só mais um feriado, ausência de trabalho e lógica de comemoração. Se não há o que comemorar, qual o motivo do feriado? Nessa perspectiva seria este um prejuízo para a cidade ante o fato das repartições públicas estarem fechadas, inclusive as escolas. Quando em vida o Monsenhor Cleano elaborava toda uma programação envolvendo os alunos do colégio, a Igreja e os Poderes Públicos. Infelizmente o Monsenhor em 1999 e, junto com ele, foram enterrados os elementos lógicos da formação da identidade groairense. Foram por que nós não estamos preocupados com esse resgate. Se não fizermos isso, resgatar a história local, a diversidade de formas de contar essa história, perdereemos os marcos de nossa formação na velocidade do tempo. Este é implacável e nos leva os velhos, suas histórias e memórias, enquanto nós ficamos aqui "curtindo" o feriado que, não sei por qual motivo, é "comemorado" no dia 30 de abril. Ele nasceu em julho, como citado acima, e foi arcabuzado na Praça dos Mártires, em Fortaleza, em 25 de abril de 1825. Não se trata de resgatar a imagem do "herói da Confederação do Equador", o fundador do jornalismo cearense, mas resgatarmos os pilares de construção da identidade groairense, do nascimento da cidade. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa. PADRE MORORÓ - A REVOLUÇÃO DA IMPRENSA. Fortaleza: Museu do Ceará/Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, 2004.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

DO RIACHO A GROAÍRAS AINDA HÁ MUITO O QUE SE CONTAR!

Recentemente participei de um programa de TV, Riquezas do Ceará, que foi exibido pela TV Cidade, afiliada da TV RECORD em nosso Estado. Naquela oportunidade falei um pouco sobre a história local e o que me restou foi uma série de indagações, perturbações quanto ao estudo da história de Groaíras que, não tenho dúvida, precisa ser revisitada, esmiuçada dado a uma série de fatos bem interessantes. Dentre fatos que precisam ser estudados há muitos ligados ao prédio da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a própria história da Igreja Católica em nossa cidade. Percebam que a forma de ocupação de nosso território se deu com a "chegada dos portugueses" (Lourenço Guimarães) e a construção da Capela em homenagem a Nossa Senhora do Rosário. A história se repete, se considerarmos a chegada de Cabral e a celelbração da primeira missa em solo brasileiro. Isso porque as primeiras leis vigentes em território brasileiro foram as leis da Igreja. Estas diziam que as terras desconhecidas eram profanas e o processo de tomada de posse das mesmas se dava com a afixação da cruz no solo ou construção da Capela. Aí tá o fundamento da minha colocação: a história de nossa cidade está intimamente ligada à história da Igreja Católica e, sabe-se, a Capela do Riacho do Guimarães serviu muitas vezes ao Curato do Acaraú, inclusive foi sua cede em determinado momento histórico. Partindo dessa premissa, muitas perguntas carecem de respostas concretas para que possamos entender a riqueza cultural de nossa cidade. Vejamos: sabe-se que muitas pessoas foram enterradas nos entornos da Capela do Riacho do Guimarães (Groaíras). Recentemente vi no face, espaço de uma infinidade de publicações sem muito crédito, uma criança groairense frequentadora assídua da igreja Católica, publicou imagens de ossos humanos. Indaguei o mesmo sobre o local onde foram encontrados e ele falou que foram nas escavações para a construção de uma quadra nos fundos do atual prédio da igreja. Estranhamente ele removeu a foto e veio me pedir para não tocar no assunto. Achei estranho, mas deduzi sobre a possibilidade de alguma orientação no sentido de evitar fazer daquela obra local de estudos arqueológicos. Optei por respeitar o pedido do pequeno amigo, todavia a curiosidade me consumia. Recentemte, na inaguração de um restaurante nas proximidades da Igreja Católica, a cerca de 100 (cem) metros do prédio, siatuado na Rua Pe. Mororó, nº 100, em bate-papo com o mestre construtor do restaurante acabei mais uma vez por me surpreender com a informação que recebi. O mestre de obras disse ter encontrado um túmulo nos fundos do prédio e, por respeito e a pedido do Pe. Tomé, pároco de Groaíras na ocasião, o deixou intacto. Falou-me ainda que o pai dele, também mestre de obras, já não mais em atividade, trabalhou em obra na igreja quando do paroquiato do Monsenhor Raimundo Cleano. Em uma escavação encontrou restos mortais com uma bala encravada na costela, na altura do coração. O padre então aconselhou fechar imediatamente a sepultura. E aí, onde estão os registros desses enterros? Eles existem, podem ter certeza, e, é muito provável, estão nos arquivos de nossa Diocese e do Museu Dom José. Acreditem, se passarmos a nos preocupar com nossa história, Groaíras virará um sítio arqueológico cujas investigações podem trazer dados importantíssimos à explicação da ocupação deste pedaço do interior cearense ao mesmo tempo em que lágrimas rolarão por não darmos o devido cuidado ao nosso patrimônio histórico. Explico o fato pelas diversas reformas que o prédio da Igreja Católica sofreu. Na maior intervenção, no período do paroquiato do Pe. Tomé, duas colunas que ornavam o altar foram removidas. Numa delas foram encontrados castiçais de madeira que são uma pista da presença de judeus em nosso território. Onde eles estão? Isso é assunto para muitas outras conversas.